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Showing posts from 2016

No Noticiário

No noticiário, a imagem de uma jovem noiva na frente de um helicóptero, um sonho romântico de grandeza e o desejo de surpreender o noivo com uma chegada glamourosa na cerimônia. Um voo curto. Há cinco minutos de distância do salão, em que esperava o noivo, a família e quatrocentos convidados, jazem os restos dos sonhos de um jovem casal. O dono do salão fala ao repórter, lágrimas nos olhos, e conta de seu sofrimento e dificuldade em informar, primeiro, o noivo, que urrou e caiu de joelhos de dor; depois, os convidados, que o encararam em silêncio e descrença. Isso foi ontem e eu não consigo tirar essa história da cabeça. Não consigo faze-la ir embora. Por quanto tempo permanecerá comigo, eu não sei, mas me pergunto se será como uma outra história, que uma amiga uma vez me contou, sobre um colega de trabalho que morreu de repente em uma manhã de quinta-feira. Ela contou que, na segunda seguinte, o departamento em que trabalhavam celebrava, como sempre fazia, os aniversariantes do ...

On the News

On the news the image of this young bride in front of a helicopter, some romantic dream of grandeur and the wish to surprise her fiancé with a glamorous arrival at the ceremony. A short flight. Five minutes from arriving to the ballroom where the groom, the family and four hundred guests waited, lay  the remains of the young couple's dreams. The owner of the ballroom talks to the reporter, tears in his eyes, and tells of his pain and difficulty in informing first the groom, who screamed and fell on his knees in pain, then the guests, who stared at him in silence and disbelief.  This was yesterday and I cannot shake the story off my mind, I cannot make it go away. For how long it will remain with me I do not know, but I wonder if it will be like this other story a friend told me about a coworker she had that died suddenly of a heart attack on a Thursday morning. She told me that on the following Monday, the department in which they worked was celebrating, as they usuall...

Sobre burbujas de jabón

Hubo un tiempo en que pensé mucho en burbujas de jabón. En verdad, ellas surg í an en mi pensamiento, livianas,  de una transparencia azulada, suaves. Allá permanecían, flotando, de manera que solo podría pasar en sueños. Era un tiempo de suavidad, de caminar a un palmo del suelo y volar para lejos. Toda burbuja de jabón tiene una ventana. Y yo entraba por la ventana, sentía la delicadeza. Por dentro, contemplaba la belleza de las paredes finas. Yo veía el brillo de cada arcoíris. Toda burbuja de jabón tiene un arcoíris. Sabía que era imagin a ria y sabía que mismo una burbuja imaginaria no podría durar para siempre. Flotaba con la burbuja y contemplaba la ventana abierta. Hasta que las paredes estuvieran más  y más delgadas y el mínimo  plop  me avisara del fin de la burbuja. Puf, era una vez una burbuja.    Yo continua ba pensando en la burbuja de jabón, yo la traía para el papel, yo la revivía. Y cuantas veces soñé y cuantas veces me dejé llevar. La verd...

Coisas que você perde

Você perde coisas pelo caminho Perde um amor que era puro Perde a juventude Você perde um amigo em quem acreditava Perde a fé Perde uma parte de si mesmo Perde contato com a realidade Seus pés não tocam o chão As mãos não alcançam os céus Você não sabe o que fazer Você não faz Muito Você fica ali parado Você espera  Pela esperança

Tiana (En Español)

 Tiana salió de la escuela, cargada de cuadernos, 200 redacciones para corregir durante el fin de semana. Tiana hace maestria y queria enseñar a los alumnos a escribir otra cosa que no sea disertación. No puede! "Tiene que enseñar lo que és util!" respondió la directora. En la universidad le dijeron, una vez, que limpiara el baño que estaba muy sucio. "No trabajo aquí!" En el trabajo ya le pidieran café. "Queda allá en aquella mesa." Tiana da la espalda y no da tiempo para justificativas y disculpas. Ya sintió mucho dolor. No más! Ahora lo que siente es algo como un desprecio. En casa, pide comida del restaurante de la esquina. Detesta cocinar! Entra en su cuarto colorido, paredes azules, mesa amarilla de frente para un ventanal, silla roja, y se sienta para corregir las 200 redacciones. Oye el croar de los sapos allá fuera. Tiana tiene mucho asco de sapo. Oye un jazz instrumental y comienza el trabajo. Media hora y se duerme encima del montón de textos ...

Hoje você morreu

Hoje você morreu. Há mais de dez anos, você morreu. E, hoje, pensei em escrever em inglês, menos olhares complacentes, menos vozes me perguntando: "Ainda falando disso?" Às vezes fujo para o inglês. Hoje você morreu e levou com você quem eu era. Hoje eu sei que você não morreu só. Morreu a moça daquele tempo também. Ficou um espectro, um farrapinho, que teve que se plasmar em outro ser, outra pessoa. Hoje você morreu e já faz tanto tempo! Mas todo ano, você morre mais uma vez e eu tenho que morrer de novo junto. E tenho que voltar dos escombros mais uma vez e recomeçar. E eu volto. Porque lá longe prometi que não iria e hoje não sou mais aquela que morreu. Uma vez por ano, morro de novo. E não tem jeito, não tem como. Olho o farrapo que fui, olho o estrago que se fez e sei que estou longe daquilo e sei que sobrevive-se a coisas inimagináveis, dores excruciantes, medos que escurecem o mundo. Sobrevive-se. E com sorte, ou com empenho, é possível construir outras obras, abrir...

Tiana

Tiana saiu da escola, carregada de cadernos, 200 redações para corrigir durante o fim de semana. Tiana faz mestrado e queria ensinar os alunos a escrever outra coisa que não dissertação. Não pode! "Tem que ensinar o que é útil!", respondeu a diretora. Na universidade lhe cutucaram uma vez e informaram que era preciso limpar o banheiro que estava muito sujo. "Não trabalho aqui!"  No trabalho já lhe pediram cafezinho. "Fica ali naquela mesa." Tiana vira as costas e não dá tempo para as justificativas e desculpas. Já sentiu muita dor. Não mais!  Agora é algo  assim como um desprezo. Em casa, pede comida do restaurante da esquina. Detesta cozinhar.  Entra em seu quarto colorido, paredes azuis, mesa amarela de frente para um janelão, cadeira vermelha, e senta para corrigir as 200 redações.  Ouve o coaxar dos sapos lá de fora. Tiana tem muito nojo de sapo. Ouve um jazz instrumental e começa o trabalho. Meia hora e adormece em cima da pilha de t...

Snow White

Snow White looks at herself in the mirror and puts on sunscreen. She makes sure she has it on her ears. Last time, she forgot them and spent a week with red burning ears. Snow White walks to the fruit shop. Passed the apple season, which always makes her feel inexplicably nauxious, she  feels reasonably well. Snow White works  the whole day  as a cashier. When the evening comes, she catches a bus to night school. She studies to be a nurse. "It's easy to get a job!", said one of her aunts. But what she really wanted  was  to be  a veterinarian. She had always had a way with animals. Snow White saves money. She does not eat anything during class breaks. Midnight, when she gets home, there is a plate of rice and beans saved for her in the fridge. She fries an egg. She eats and passes out. Such a heavy slumber she doesn't even know how she manages to get up the following day. Snow White saves the money from the snacks she doesn't eat at school and dreams to vi...

Branca de Neve

           Branca de Neve se olha no espelho e passa o protetor solar. Certifica-se de que passou nas orelhas. Da outra vez, esqueceu e passou uma semana com a orelha em brasa. Branca de Neve caminha até  a frutaria. Passada a temporada de maçãs que lhe dá sempre um mal estar inexplicável, ela se sente razoavelmente bem. Branca de Neve trabalha no caixa, o dia todo. A noite pega um ônibus para a faculdade. Faz enfermagem. "Emprego certo!", disse uma tia. Mas o que ela queria mesmo era fazer Veterinária. Sempre teve jeito com bicho. Branca de Neve economiza. Não come nada nos intervalos das aulas. Meia noite quando chega em casa, abre a geladeira e tem um pratinho de feijão com arroz esperando. Frita um ovo. Come e desmaia. Um sono tão pesado que nem sabe como acorda no outro dia. Branca de Neve economiza o dinheiro do lanche e sonha em visitar um castelo na Alemanha. Viu em uma revista. Branca de Neve acorda para mais um dia, toma banho, se olha no esp...

Sobre bolhas de sabão

Houve um tempo em que pensei muito em bolhas de sabão. Na verdade, elas surgiam no pensamento, leves, uma transparência azulada, suaves. Lá permaneciam, flutuando, de um jeito que só poderia acontecer em sonho. Era um tempo de suavidade, de caminhar a um palmo do chão e voar para longe. Toda bolha de sabão tem uma janela. E eu entrava pela janela, sentia a delicadeza. Por dentro,   contemplava a beleza das paredes finas.  Eu via o brilho de cada arco íris. Toda bolha de sabão tem um arco íris. Eu a sabia imaginária e sabia que mesmo uma bolha imaginária não poderia durar para sempre. Flutuava com a bolha e contemplava a janela aberta. Até que as paredes ficassem mais e mais finas e o mínimo pop me avisasse do fim da bolha. Puf, era uma vez uma bolha.  Eu continuava a pensar  na bolha de sabão, eu a trazia para o papel, eu a revivia. E quantas vezes sonhei e quantas vezes me deixei levar. A verdade é que sempre fui fascinada por bolhas de sabão. Não como o cientista d...

About fish

Fish are mysterious creatures. Fish are elegant like their natural enemy, cats. Cats sway sensually. Fish are cats' prey. Fish are beautiful things. You can see them in oriental paintings and porcelain. In Brazil, we say fish die for their mouths. We say one has eyes of a dead fish, big eyes, slow to follow whatever is going on. And what's going on? I'd say if anyone knows what 's going on is fish. One tried to tell me the truth behind the origin of the universe or the secret for being ever content with what you have. It tried to tell me the secret of happiness.  I saw it, there, in a tank at the Indianapolis Botanical Gardens. You could almost see its brain underneath its thin skin. We looked at each other and it kept the fixed stare at me. It came closer to the surface. I took its picture and left. When I looked back, it looked at me yet, remaining close to the surface, the mouth outside the water like it still had hope to say what it meant to say. Had it legs it...

Be a Lady (Exploring what lies behind a poem - #1)

Be a lady Don't write about craving Don't write about desire Don't write about lust You look at yourself in the mirror and you remember your mother, not the  reflected image, you swim,you exercise, still... the words: "My self image is not complying with the reflection in the mirror".  You did not understand it then, you do now. You laugh, you remember your mom. You look at your naked self in the mirror and you try to be nice to the changes of time. You can like what you see at times, but what you see is not what once was. You tell your husband: "if I had a mind like this when I  was twenty I would have left no stone unturned". He smiles. You think of how self-conscious, how mean to your young self you were, how abusive you were to that reflection in the mirror.  You can still be mean, but you know so much more about yourself now. You write, you undress body and soul and you let the world know it cannot tell you what to feel, what to do....

Anemia

Anemia, a deficiency of hemoglobin in the blood. I knew that had to be the problem even before the appointment. Anemia makes you weary and pale. You bleed too much, said the doctor. He gave me colored pills, one to stop the bleeding, the others to keep me strong, but I'm not strong. You think too much, someone else had said someday. I think too much, I bleed too much. A vampire had been sucking my blood for a long long time. But there are no pills for that. Are there? The creature  walked  in the shadows and slept inside a coffin. Anemia, the doctor said, a lack of red cells in your blood. I'm half myself now,  but I'm persevering. I will have to tell the vampire he can have my blood no more. Weary and pale, I walk, slowly. "Eat some liver, some dark greens, take your pills, iron, vitamins...", well meant people tell me.  Stay away from blood suckers and buy myself a "pensieve", I add to the list silently. I always thought the "pensieve" w...

Things I remember

I remember I had somewhere to run to when I was in trouble. I remember you telling me I'd always have that place. I could always come to you. But you are gone and I have nowhere to go, you know? I remember things would be all right. I remember you used to say this to me. I remember  I remember I loved to read on lazy Saturday afternoons and easy Sunday mornings. I remember lying in a hammock with a book, overlooking the lake. I remember we could not swim in it then, we could only look at it. Most of the times it was bathed by the sun and its waters sparkled silvery stars here and there. I remember there was never much rain. And when there was rain, it used to fall diagonally. You told me this was the only place on earth rain would fall diagonally. I am not sure about that anymore. I remember I could be anything I dreamt. One day I would be everything I dreamt. I remember the only place I would feel safe was the only place I would feel fear. And the only place I would feel ...

Para Talytta

Minha amiga me deu um marcador de livro em forma de borboleta. Carrego agora, comigo, para onde vou. Vejo o sorriso da amiga que se foi, sempre que fecho os olhos. Em sonho, ouço sua voz que também sorria. Era boa, minha amiga. Tão boa, que minha alma desconfiada, duvidou em princípio de tanta bondade. Era suave. Ria das minhas fúrias. E, sei lá porque, dizia me admirar. Minha amiga está hoje no lago em que nado. Outro amigo disse: "Agora você vai nadar com ela", e me fez um carinho. Tenho bons amigos. Minha amiga me viu perder um filho. Hoje vejo seu filho perder a mãe. A minha dor e a perda dele, a minha perda e a sua dor.  Estava feliz, a minha amiga. A vida começando, os sonhos caminhando. Da última vez que nos falamos, o calor, a praia, o mar... Tinha o mar para amenizar. Há poucas semanas pensara, quando formos a praia será ainda melhor. Sua família, minha família, na praia, as crianças correndo, castelos de areia, alegria e paz. Ao saber da minha amiga, fiquei bra...

On prose poems and sleepless nights

I'm thinking of prose poems. I'm thinking in English about them, prose poems. I'm thinking of how I had never heard of them, for so long. I'm thinking of how a sentence sometimes pops on my mind, after seeing a leaf of uncommon, unthinkable, shape or of some more banal shape, like a heart. Or when a sentence comes to mind because I've been worrying, reflecting wondering and pondering about something in life. I'm thinking of how what I see or think comes back to me in a specific language. I'm a translator. I'm always here and there. And that is that. That is how it is. And the rest follows. The language chosen by the thought. The thought leading the language. The language flowing the thought. A wave brushing the ocean softly, the foam... Foam? A espuma. One language fails, the thought slips into the other. One language invades the other.  I'm thinking of prose poems. Three twenty nine in the morning, I've been thinking of them for hours. T...

Where flowers bloom

Here I go again To a place I once was happy To where I felt alive  To where I knew I was free  This place  Where thoughts are new Where light shines brighter   Music surrounds you   And life expands  Beyond its limitations Regardless of temptations I'll sip coffee  I'll drink wine  I'll dive deep  I was happy in this place I will contemplate youth's face I will knit joy with thick threads of hope I will stride down its roads A thousand dreams Floating in and out of my mind I will fluctuate I'll soar And at night I'll go to bed  Peaceful, I will be, Silent, in a room  And I'll gaze through the window  At this place where flowers bloom

A shadow

A shadow Not the light it once was    Not the silvery shine of a dream Not the golden gleam of hope A dark silhouette  A shadow She did not pursue it anymore But it followed her from afar It reminded her  Occasionally  Of things that almost were  Yet never become  A shadow  The darkness projected  By the light that it was  Now,  A shadow,  F ollowing  Sad Silent Slow A memory  A reminder  Of all it could have been And all it never was  All it never  is

O pior cego, aquele que tudo vê

Com o que você  se importa? Fica aí no seu cantinho Seus queixumes faz baixinho Meio de lado Nada público Pra não parecer alterado Com o que você se importa?  Tanto pensamento Profundo conhecimento Dá pinta de reservado Tudo escondido  Tudo g uardado Mas é preciso entender Você não pode perder As possíveis concessões Os eventuais favorecimentos As potenciais benesses  Que venham a aparecer Vê Não é cego Vê Permanece mudo Vê E se faz de morto Pra tudo Tudo afunda Tudo afoga Tudo se esvai Mas sua única paixão   É sua tábua de salvação

Never there

Your country is going down the hole You post pictures of cute dogs We are all inside a time machine Going back to the Dark ages You're sharing videos of fluffy cats   The poor are losing the little chance they had Women are disappearing from spaces t hey'd finally started to share Students are being beaten  S truggling for the bit that should be naturally theirs And you?  Y ou are there  With your pictures by the pool  Your forced fake whitened smile  Your Instagram full of pictures of your drinks You don't give a damn if the ship sinks They are telling us not to think They are telling us not to care They are telling us all And some of us are fighting back But you don't count  You never counted You were never there

No hope

There is no more h ope A tunnel takes you back  To dark ages To despair To no more dreams No more llusions You will hear their forceful steps The march of the blind haters They will take you out of bed They will pull you by the hair They will drag you around the streets   They will burn you in the fire You will not mean a thing  You may try to run There will be no escape No more You can try to run  Or you can hope for the rope

Romance in France

He followed her from France to Spain. She had been travelling with friends and they met in Montpellier. She fell in love with the place instantly. Students at La Place de la Comedie, sipping coffee, sitting around the fountain, laughing, talking, life bubbling like a glass of Kir Royale. He offered to help with her bags. She walked beside him in silence, her friends giggling behind them, "Oh, why! Oh, why isn't there anyone to carry my suitcase." She kept the best neutral face she could. "Let them joke, in Portuguese he will not understand anyway!"  They stopped at the top of the dorm stairs. She thanked him in French. A shy smile and eyes that said otherwise looked back at her: "Brazilians?", he asked in Portuguese from Portugal. She felt the fire on her cheeks: "Yes", she replied. She tried hiding the surprise in her voice, but his eyes told her he'd caught her. He smiled, "Enjoy your stay!" The friends' voices, dr...

Art / Arte

Because Art can help you turn what never was into something real. Art can put in the world what is only in your heart. Art can help you recover rights taken away. Art can help you heal. It can help you survive and overcome pain. It can help you live through it, anytime it comes back in your spiraling path. Art can help you love. Art can help you live.  Porque a Arte pode ajudar a tornar o que nunca foi em algo real. A Arte pode por no mundo o que está apenas no coração. Ela pode ajudar a recuperar direitos usurpados. A Arte pode ajudar a curar. Pode ajudar a sobreviver à dor e a superá-la. Pode lhe ajudar a atravessá-la sempre que ela voltar ao seu caminho espiralado. A Arte pode ajudar a amar. A Arte pode ajudar a viver.

Small

I dwell in a small small world I dare not affirm a thing  on the greater issues of man kind I offer no solutions I remain entangled In the web of  my thoughts Puzzled by petty confused notions I dare not offer advice I dare not tell you where to go I stand here on a pile of "I don't knows" I look at the world from afar With squinting eyes I try to see I try to grasp  I try to decide I wander in small and large circles Round and round I get dizzy Round and round I hover above Distant I gaze the world From far away And everything looks small

I upset people (This may be the first of a series)

I feel I upset many people. Maybe it is something I do, but the feeling I get is that what upsets them is the way I live, the choices I make. People get upset with me when they hear I don't believe in God. If I tell them that I once did, but have lost my faith after I lost my first child, a premature baby, they fail to grasp the complexity of it. They look at me with irritating condescendent pityful eyes and they think I can be "fixed." To be fair, maybe I fail to help them understand that after what happened to me, God as I came to know it and most people of Christian beliefs do, is of no use to me.  God proved himself either nonexistent or useless to me when my first born died and when I almost followed him due to Eclampsia and Hellp Syndrome (Go ahead and google it! Unless you are doctor or had someone in the family who had this, you will never know it.) He did not save my baby and he did not spare me the excruciating suffering I had to endure. And if you think I...

Moribundo

Morre nāo morre  Pendura-se  Por fino fio Sustenta-se  Sorve gotas de ternura Alimenta-se  Da escassa matéria  Dos sonhos Mingua, Moribundo Arfa  Suspira  S egue Resignado Só Em direção à luz

Rio Valsa

Um rio separa, Divide,  O que é  jovem   e o que é  antigo   O novo se vê no velho  E o que é novo envelhece a cada dia Muda assim o novo  Mistura-se A esse antigo  Que se transforma  Um rio nunca é o mesmo rio Os tristes sapatos permanecem  À beira do gélido rio Sapatos sem pés que os calcem  Nunca mais Corpos levados pelo rio O rio não é mais o mesmo Não corre mais sangue  Nesse rio valsa Que separa e mescla  O que envelhece e rejuvenesce O que é brasa adormecida   E  intensa chama Rodopia, valsa! Rodopia, rio! Rodopio eu Um rio atravessa Corre  Sinto seu movimento, Sua correnteza Leva-me, hoje, Cinzento rio Em sua valsa a zul  Choro e sorrio Do que foi, Do que será Mas o que é, Apenas é, É um rio E todo o rio s egue Urgente  Para o mar

Algo que sei da Ditadura

Ano passado, contei uma história do meu tempo de escola para minha filha, uma agressão sofrida por mim e cometida por um colega. Uma agressão que ninguém testemunhou. Ela logo me perguntou: - Por que não foi na Coordenadora?  Não soube responder imediatamente. Fiquei pensando...  Na escola das minhas filhas, a coordenação é um espaço aberto, as crianças entram em grupos ou sozinhas, questionam injustiças, demandam soluções.  Entendi, ali, mais um pouco de como o período da ditadura, que eu vivi como criança  e adolescente, influenciou minha formação. A escola não era, na Ditadura, um lugar  para pensar, era um lugar para se informar, talvez, mas não para pensar. Não era um lugar para questionar. A Ditadura não permite questionamentos. A Coordenação, no tempo da ditadura, não era um espaço acolhedor para os alunos. Era um espaço de punição. Você era mandado à coordenação se cometessse algum delito. Se o delito fosse muito grave, seus pais também eram chamados. Ex...

Reflecting about truth

My mother had Alzheimer's. I took her to the Doctor in the beginning and due to quite a high number of threats from her sisters, my sisters and I had to agree not to tell her she had it. According to one of my mother's sisters she would either kill herself if she knew or she would perish twice as fast. It was a great responsibility to take a decision concerning other person's life and, afraid of having to deal with the consequences of an unsupported decision, I gave in reluctantly. I decided, however, that, although I would not tell her she suffered from the condition, if she asked me directly if she had Alzheimer's, I would then tell her. I was not going to lie to my mother about her own life. She never asked though and I never had to say anything.  One day, when we could still maintain a conversation, I was talking to her and I told her that  if anything happened to me, if I ever got cancer or some other disease, I would like to be informed of everything, I would ...