Tiana saiu da escola, carregada de cadernos, 200 redações para corrigir durante o fim de semana. Tiana faz mestrado e queria ensinar os alunos a escrever outra coisa que não dissertação. Não pode! "Tem que ensinar o que é útil!", respondeu a diretora.
Na universidade lhe cutucaram uma vez e informaram que era preciso limpar o banheiro que estava muito sujo. "Não trabalho aqui!" No trabalho já lhe pediram cafezinho. "Fica ali naquela mesa." Tiana vira as costas e não dá tempo para as justificativas e desculpas. Já sentiu muita dor. Não mais! Agora é algo assim como um desprezo. Em casa, pede comida do restaurante da esquina. Detesta cozinhar.
Entra em seu quarto colorido, paredes azuis, mesa amarela de frente para um janelão, cadeira vermelha, e senta para corrigir as 200 redações. Ouve o coaxar dos sapos lá de fora. Tiana tem muito nojo de sapo. Ouve um jazz instrumental e começa o trabalho. Meia hora e adormece em cima da pilha de textos iguais, formulaicos.
Acorda com o sol, queimando o rosto. Em cinco minutos toca o despertador. Tem aula, precisa correr. Sai de cabelo molhado. Pega o elevador, dá bom dia. "Tem um elevador de serviço, viu?" "Eu moro aqui!" Dá um passo à frente. Revira os olhos e cola na porta. A porta abre, Tiana sai primeiro. Não olha para trás. O sol bate no rosto, o vento sacode o cabelo, Tiana vai.
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