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Showing posts from May, 2017

Maio, 2017 - Fim de tarde em Brasília

Um burburinho de barzinho no fim de tarde. Tudo parece igual. Amigos se encontram no Café, grupos ocupam as mesas maiores. Adoram sentar-se ao lado de quem lê um livro, de quem está só. Desconfiam dessa solidão e afrontam-na.    Alguém solta uma gargalhada alta.    Tudo normal, tudo como antes. A música contorna as conversas e risadas: “Cai o rei de espadas, cai o rei de ouro, cai o rei de paus, cai não fica nada…” Nada é, na verdade, como antes, como o dia de ontem. Hoje, o ar que se respira é grosso, agressivo e sufocante. Nada, abaixo da epiderme do mundo está igual. A brisa leve não engana. Refresca o corpo, mas a alma treme. Agora, toca Roda-Viva. “Como pode? Ontem mesmo era ano 2000.” Quando o golpe se deu e as ideias estapafúrdias começaram a surgir com projetos que tinham o nome de músicas da minha infância, regravações dos anos 80 começaram a entupir os programas de rádio. Hoje, Elis e Chico ressurgem nesse Café, fazendo o sentido que já não faziam há tantos anos. Ape

Olhos de rio

Não sabia o que fazer,  não sabia o que esperar Contava as estrelas,  até o barco chegar,  deixava o rio passar Sozinho, à margem Ohos de rio que segue  pro mar E leva tudo,  seguindo sempre sem medo,  Olhos de rio, Correnteza que traga  tudo, sempre sempre e repetidas vezes, tudo e repetidas vezes Caminha  mais,  um pouco mais,  um pouco além Segue a margem Na segunda curva,  olha pra trás  Se vê, longe,  pequeno Tanto tempo, tanta dúvida, tanto caminhar,  tanto,   sem ir  a nenhum lugar   Vê  os sonhos,  Deixou escapar Segue  adiante,  olhos de rio transbordantes, misturando outras águas Caminha,  muda, transmuta       Olhos de rio, finalmente mar