Um rio separa,
Divide,
O que é jovem e o que é antigo
O novo se vê no velho
E o que é novo envelhece a cada dia
Muda assim o novo
Mistura-se
A esse antigo
Que se transforma
Um rio nunca é o mesmo rio
Os tristes sapatos permanecem
À beira do gélido rio
Sapatos sem pés que os calcem
Nunca mais
Corpos levados pelo rio
O rio não é mais o mesmo
Não corre mais sangue
Nesse rio valsa
Que separa e mescla
O que envelhece e rejuvenesce
O que é brasa adormecida
E intensa chama
Rodopia, valsa!
Rodopia, rio!
Rodopio eu
Um rio atravessa
Corre
Sinto seu movimento,
Sua correnteza
Leva-me, hoje,
Cinzento rio
Em sua valsa azul
Choro e sorrio
Do que foi,
Do que será
Mas o que é,
Apenas é,
É um rio
E todo o rio segue
Urgente
Para o mar
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