Uma vez, sonhei que morria. Uma convulsão, a reprise de outra situação. Dessa vez, não conseguia voltar, me chamavam, como antes havia acontecido, mas eu não conseguia abrir os olhos. Demorei a acordar e acreditar que não estava morta. Também não estava no hospital. Não havia tubos, aparelhos, máscaras de oxigênio, catéter, sonda... Chorei em silêncio. Schopenhauer disse que vivemos com leveza porque escalamos uma montanha sem saber o que encontraremos do outro lado, mas se enfrentarmos a morte e escaparmos dela, jamais subiremos a montanha do mesmo jeito. Lembro isso, não para causar pena, para que me olhem com os grandes olhos da piedade. Lembro porque é isso mesmo. Não se sobe a montanha da mesma maneira. Houve um tempo que não queria mesmo subir para lugar algum. Na verdade, se pudesse teria rolado montanha abaixo, mas não rolei. Havia a promessa: "Não vou deixar você só! Não se preocupe!" Acho que foi a promessa, mas não gosto de atribuir t...