“O verdadeiro poeta é sempre um resistente. Mas o falso poeta, sejam quais forem as causas que diz defender, é sempre um conivente” disse Sophia de Mello Breyner Andresen, escritora portuguesa, em entrevista em 1963. Um ano antes do golpe militar que sofreu o Brasil, em 1964, e que nos trouxe vinte anos de ditadura e uma herança antidemocrática e autoritária que nos prende a tantos como se vivêssemos ainda uma síndrome de Estocolmo.
Hoje, 2018, suas palavras me consolam no destino de ser poeta, na minha verdade e no fato de estar cercada de verdadeiros e resistentes outros poetas. Resistimos juntos, na busca da luz nessas trevas, na busca de um país em que impere o amor e triunfe o que é diverso. É no diverso que reside o belo, é no belo que mora a poesia. O belo de cada dia, o belo da garra e da luta, o belo do suor do trabalho, do olhar com respeito e amor, da verdadeira fé no humano.
Sophia nos alerta, também, lá em
1963, que “a poesia é uma forma de resistência contra todas as indignidades e
mentiras”. E é nela que eu, e os da minha tribo, buscamos hoje forças para
continuar. É nela que buscamos esperança, aqui e no mundo. É com a poesia que atravessaremos e como nosso poeta musical, Gonzaguinha, acreditando, iremos "à luta com essa juventude, que não corre da
raia a troco de nada”. Porque, na
poesia, e junto com outros delicados fortes, como Quintana, veremos todos esses atravancando nosso caminho
passando, enquanto nós, passarinho.
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