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Showing posts from January, 2014

Quente

Não conseguia dormir. A cama lhe parecia quente. As janelas estavam todas abertas, mas não havia vento. Olhar através delas levaria a pensar que o fim do mundo havia chegado. As lâmpadas dos postes iluminavam as ruas como sempre, mas não havia movimento, não havia som. As árvores estavam imóveis, nem uma folha fora do lugar. Ninguém passando de carro, saindo do carro, passeando com um cachorro, nada se movia.  Levantou-se. A camisola estava ensopada. Pegou outra, mais leve, na gaveta. Vestiu e foi, descalça, à cozinha. Muito gelo e água em um copo grande tomado em grandes goles. Deixou a água escorrer pelos cantos da boca até o peito. Isso ajudou, por alguns minutos. Sentou no sofá, ligou a TV e zapeou pelos canais. O tecido do sofá grudava no seu corpo. Desligou a TV, levantou e caminhou pelo apartamento mais uma vez. Abriu a torneira de água fria da banheira. Parecia mais morna que o normal. Voltou à cozinha e encheu um balde de gelo. Despejou-o na banheira e ...

Frio

Acordou sentindo frio, um arrepio por todo corpo. Tentou sentir sua presença, os olhos ainda fechados. Nenhum calor, nenhum perfume, nada. Abriu os olhos, lentamente, e olhou em volta, confuso.  Não havia nenhum rastro dela.  Ela não estava lá.  Fechou os olhos e sentiu a textura do cabelo dela entre seus dedos, a maciez da sua pele em contato com seu corpo, o contorno de seus quadris, a umidade dos seus lábios, a língua em sua orelha, em sua boca. A proximidade, o movimento, as gotas de suor. Sentiu-se quente e vivo. Fechou os olhos e dormiu, de novo.

Hot

She could not sleep. The bed felt just hot. The windows were all opened, but there was no wind. Looking through them you'd think the end of the World had come. The light from the lamp posts illuminated the streets as usual, but there was no movement, no sound. The trees stood still, not a leaf out of place.Nobody driving by, nobody getting out of a car or walking a dog, nothing moved. She stood up. Her nightgown was soaked. She picked up another one, a lighter one, in the drawer. She put it on and went, barefoot, to the kitchen. Lots of ice and water poured in a large glass. She took big gulps and let the water drip  through the corners of her mouth to her chest. It helped, for a few minutes.  She sat on the couch, turned on the TV and zapped through the channels. The couch's fabric glued to her body.  She turned off the TV, got up and walked around once more.  She turned the cold water faucet of the bathtub. It f...

Se

Se  pudesse esconder-se atrás de uma estrela Se formassem uma escada  até  o céu Se pudesse cobrir-se com sua poeira brilhante E pairar com o sorriso de uma lua crescente. 

If

If you could hide behind a star If they could  make up a ladder onto the sky If you could  just  shine covered by their dust And hover above with the smile of a crescent moon.

Cold

He woke up feeling cold, a shiver through his body. He tried to feel her presence, his eyes still closed. No heat no scent, nothing.  He opened his eyes, slowly, and looked around, confused. She was not there. There was no trace of her.  He closed his eyes and imagined the texture of her hair through his fingers. He felt the softness of her skin against his body, the contour of her hips, the moisture of her lips, her tongue inside his ears, his mouth.  The proximity, the movement, the drops of sweat. He felt warm and alive. He closed his eyes and slept again.

Opposites

He slept during most of the day. Occasionally waking up to have a drink or grab something to eat. Not really something, but the same thing. He'd always eat the same thing. He would stretch himself with laziness, but elegance. Walk towards the kitchen slowly, silently. He would then, take a sip, grab a bite and go back to sleep. Sometimes on the bed, sometimes in the living room, on the couch. He'd go there, to the living room, when looking for little naps, when the noise of her typing would not upset his sleep.   From time to time, she would startle him a little, when placing her cup on the glass table, pushing a chair or letting a pen fall on the ground. He would look at her with his big bright  green eyes and give her a fixed stare. Few minutes later he would go back to sleep again. He would spend his days like this, confined, practically static. While awake, he'd be either eating, looking at her or gazing through the window. He rarely utte...

Opostos

Dormia a maior parte do dia. Ocasionalmente acordando para beber ou comer algo. Na verdade, era sempre a mesma coisa. Ele comia sempre a mesma coisa. Espreguiçava-se, mas com elegância. Caminhava até a cozinha lenta e silenciosamente.  Tomava então um gole, comia um pouco e voltava a dormir. Às vezes na cama, às vezes na sala de estar, no sofá. Ia para lá, para a sala, quando desejava só um cochilo,  quando o barulho da digitação dela não incomodava seu sono.   De tempos em tempos, ela o assustava um pouco, ao apoiar o copo na mesa de vidro com mais força, ao empurrar uma cadeira ou deixar cair uma caneta no chão. Ele olhava para ela, com seus grandes e brilhantes olhos verdes, e fixava ali o olhar. Poucos minutos depois, voltava a dormir. Passava os dias assim, confinado, praticamente estático. Quando acordado, ou estava comendo, ou olhando, ora para ela, ora através da janela. Raramente emitia som. A vida dela, por outro lado, era repleta de idas e vindas, de altos...

Be a Lady

Be a Lady Don't write about craving Don't write about desire Don't write about lust Be a Lady Don't think about sex Don't think about rage Don't think about pleasure Be a Lady Don't feel the burning Don't feel the anger Don't  feel the passion Be a Lady Don't write Don't think Don't feel Just die