Clarice Lispector disse “viver ultrapassa qualquer entendimento”. Hoje é aniversário de Clarice e escrevemos todas em volta da mesa. Não nascemos na Ucrânia. No máximo, umas vieram da beira do mar e outras brotaram aqui mesmo, neste cerrado em que nascem vermelhas Caliandras.
Em Clarice pensamos hoje. E juntas em volta da mesa, escrevemos e partilhamos escritos. Mulheres que somos, hoje, unidas em torno deste ofício de desnudar-se através das palavras tal qual o fez Clarice, embora cada uma diferentemente.
Admiro, nelas, os cabelos que caem aos olhos, os fios que escorrem pelas nucas, as canetas que correm pelo papel seguradas por mãos urgentes, e poucas vezes hesitantes, o tec tec do teclado dos laptops. Admiro a fé e a dúvida que compartilham no humano e no divino. Reconheço sua beleza e felicito-me por partilharem comigo e deixarem um pouco de seu ver e seu viver.
Sentadas em volta desta mesa, não interessa se somos Clarice. Não precisamos ser. Homenageamos Clarice em nossa prática. Rendemos nosso respeito a uma escritora mulher que ousou e aqui ousamos cada uma a seu modo. E que se danem os que acham que não devemos, não podemos ou que questionam para que fazemos isso. Fazemos por que escrever para nós é viver e “viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Também no Coletivo VERBAL:
https://coletivoverbal.blogspot.com/2018/12/clarice-disse-lorena-santos.html
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