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Showing posts from February, 2016

Elefante Voador

E na janela a gente podia ver um elefante voador. Era verdade! Muito leve, flutuava lentamente, em paz. Contei para ele, mas ele levantou a sobrancelha direita e espremeu o olho esquerdo, entortando o canto da boca para cima. Eu conhecia essa expressão. Ele permaneceu de costas para a janela. Nem por um segundo virou. Nem uma espiadinha de canto de olho! Não insisti. Relaxou a expressão, sorriu, chamou o garçom. Suspirei! O que mais podia fazer? Suspirei, mas mantive os olhos fixos na janela, enquanto ele pedia as bebidas, os pratos, o dele e o meu.  Mantive os olhos na janela, enquanto ele comandava o garçom com aquela voz de dono do mundo. Ele se gabava de saber lidar com as pessoas, de obter delas tudo o que desejava.  Talvez eu tivesse acreditado nisso, um dia. Hoje, só o que via era um sujeito mandão e grosseiro.  Conseguia as coisas porque usava essa sua grosseria com funcionários, serviçais, garçons, isso sim! Fiquei imaginando quantas cinzas de cig...

Umbrellas in Budapest

From my hotel window, I watch a procession of colorful umbrellas pass on yet another rainy day in Budapest. I think about what I've left behind, things    that could not have been, dreams never fulfilled. A rainy day, not much different from any other day of this week, in this place that  is, to me, a door to the unknown east and all the mysterious stories of my childhood. Umbrellas parade around the walls of the Fishermen's bastion, the color of lime, orange, red, purple, light blue and bright pink. I see them walking around through the drops of rain that distort the view through my window. I take a sip of my capuccino.  I woke up late, the cold makes my tropical soul lazy, and I wait for the Hungarian lady to throw me out of the breakfast room, telling me and the young couple on the table at the corner that breakfast time is over. I look at the couple and I guess they had been awake for a while, but had been too caught up with each other to remember breakfas...

The lizard and the delicate winged creature

" What's on your mind?" asked the lizard. "Worlds are on my mind. Worlds lying beyond this insignificant place of ours." Replied the little delicate creature.  "And what would you do if you could reach them?" inquired still the reptile.  "I would sunk my teeth deep on each one of them. I'd live more than a thousand lives. I 'd dive into all my passions and follow on every whim." answered the seemingly frail winged animal.  The lizard smirked: "But you don't even have teeth, silly ignoble dreamer!"  "Be certain, I would grow some!"  Retorted the creature, turning around and resolutely flapping  its wings in the direction of the silvery shining sky.  The lizard remained still, its cold blood even colder,  its eyes, static, staring at the imenseness above.  The creature, it never saw it again. But now, the lonely lizard could not help, it could not control, it could not resist. While standing on its rock, feeling ...

Advice

Be chaos Be doubt Be anguish Be confusion But Be love Be great Be whole Be true

A lost soul

A lost soul   Trespassing boundaries Invading dreams Following whims A lost soul Breaking fences Transcending limits Dismantling defenses A lost soul Glowing Finally found  Shining In the core matter Of the vital energy In the fifth dimension Of flawless harmony In the deepest time-space connection  In the straight unstoppable direction  Of the purest state  Of life

A vida secreta das ilusões

Andava entre aqui e ali, entre lá e cá. A cabeça nas nuvens, os pés nem sempre no chão. Não fora assim toda a vida, tudo era, até há pouco, nitidamente preto e branco, tudo muito certo ou tudo muito errado. Linha traçada em caneta de pena. Tudo claro, tudo às claras.  Hoje, não. Infinitos tons de imedidas cores, vibrantes tons, extasiam seu olhar e misturam sentimentos e pensamentos. Levam à criação de um mundo novo, exuberante, rico e apavorante. Nesse mundo, não se pisa em chão firme, o chão flutua em pedaços, de um passo a outro, de um salto a outro. Não se sabe se afunda na próxima pisada ou alça vôo e alcança o infinito. Caminha nesse mundo, às vezes com alegria, às vezes com cautela, ou mesmo medo.  Mundo novo. As cores inebriam, acendem sonhos adormecidos, despertam desejos atordoados, que ressurgem como foguetes lançados ao espaço, incendiários. Tudo novo, tudo mais antigo que o mundo, tudo a aprender, engatinhar. Tanta luz, tanta cor, tanto mundo. Ela acabara...

A delicate thing

Intimacy is a delicate thing The wings of a dragonfly  The toutou of a porcelain ballerina The rim of a crystal glass The transparent surface of a floating bubble Intimacy is a  delicate thing Do not hold it t oo long Do not try to stretch it, bend it Do not  sink your teeth on it Do not press it too strong It may make you bleed Uncover your weaknesses Expose your nakedness Leave you bare It may  vanish  Turn into  ashes Disappear   Before your eyes Intimacy  This delicate Imanescent Beautiful  Fleeting little thing