Levantou e foi buscar um café. "Maldita dor de cabeça!" Uma dor fina, aguda, o dia arruinado.
- Como se uma agulha esguia e comprida atravessasse o crânio e perfurasse o cérebro, sabe? Um chinês de longos bigodes segurando a extremidade da agulha e empurrando-a lentamente.
- Por que um chinês?
Agora pronto! Uma dor dos infernos, uma suadeira depois do café, um calor da peste e ainda essa pergunta: - Porque não? Chinês não pode?
- Só perguntei!
- A dor é minha, ué? Se é chinês, japonês, árabe, que diferença faz?
- Esquece!
Se arrependeu da resposta grosseira, mas não pediu desculpa! Pedir desculpa exigiria tempo, explicações, enfrentar o chinês, puxar-lhe os bigodes, imobilizá-lo. Entrou no quarto, fechou as cortinas e deitou-se.
Ouviu a porta batendo. "Agora foi!" Pensou no quanto a resposta atravessada ainda ia render em acusações de grosseria, egoísmo, falta de cuidado. Sabia que não adiantaria, mas tentaria explicar:
- Foi o chinês!
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