O bloco batia os tambores com vontade, mais vontade que, de fato, maestria. No meio do Planalto Central ecoava a batida de um Maracatu, um pouco encolhido, mas ainda assim potente. Um ritmo que para alguns parece que enjoa rápido, mas que, para mim, bate dentro do coração. Ouvia e dançava, levada ora pela música, ora pelas lembranças de outros carnavais em que gigantes maracatus com seus cortejos reais me engoliam e carregavam. Caminhou entre nós um rapaz magro. Não dançava. Em uma das mãos, carregava um celular, na outra, um flutuante ramalhete de balões, desses de gás Hélio. Boiavam sobre sua cabeça, Mickeys, Aviões, Unicórnios e Pepas Pig. Seria esse seu único trabalho? Vender balões? Seria um bico? Uma forma de fazer um extra no Carnaval? Caminhou em direção aos tambores, preto, magro e sério, celular em punho. Não sorria e não dançava. Não parecia muito certo do seu direito de estar ali e contemplar. Olhava, de todo modo atentamente para o grupo e para o visor do c...