Um rapaz negro e magro, camiseta e bermudas largas, maiores que ele, me vê sentar à mesa da padaria e se aproxima. O grupo com quem anda já havia me abordado na chegada, quando saía do carro. Eu disfarçara o incômodo por trás de uma pressa mais exagerada: "Agora não posso. Depois! Desculpe!" Entrei pensando no risco de encontrar o carro arranhado na volta. "O risco do risco..." O rapaz que se aproxima pede o que eu já esperava que pedisse, um lanche, para a família, ou pelo menos para filha pequena. A filha pequena. Meu coração encolhe no peito. Prometo comprar algo para a menina quando for pagar a conta e fico aqui, escolhendo mentalmente algo que dure mais, que renda mais, que alimente mais, quem sabe dê para a família toda: um saco de pão, uma bandeja de presunto, uma caixa de leite, talvez... O dono da padaria chega manso do meu lado. Pergunta se o pedinte me incomodou. Respondo que não. O dono da padaria me informa que esses pedintes andam agora por aq...